Chupeta com açúcar substituida pelo “tablet” para acalmar as crianças
Novas tecnologias são eficazes e até estimulam o raciocínio, mas “há um risco de os dispositivos digitais estarem a ser usados como um substituto de presença, disponibilidade e atenção”.
A nova fórmula para acalmar uma criança chorosa ou birrenta é tecnológica: um “tablet” ou um telemóvel inteligente, classificado por alguns como a chupeta dos nossos dias. A conclusão é de uma investigação desenvolvida pelo Instituto Superior de Psicologia Avançada (ISPA), realizada com crianças dos três aos cinco anos. A velha chupeta - quantas vezes açucarada - fica cada vez mais na gaveta das memórias. Hoje, é difícil os pais resistirem à tentação de entregar os “smartphones” e os “tablets” às crianças, porque são uma ferramenta muito eficaz para acalmar os mais pequenos. “Olhando para os resultados que temos obtido, parece-nos que, em determinadas situações, há um risco de estes dispositivos estarem a ser usados como um substituto de presença, de disponibilidade e de atenção”, afirma a investigadora Ivone Patrão. “Está à distância de um clique passar um dispositivo destes e acalmar uma birra e um comportamento menos adequado. No fundo, as crianças e os adolescentes são muito receptivos, porque têm muita gratificação imediata”, afirma. A investigadora considera que a utilização destes dispositivos nestas idades “não é necessariamente má, já que traz muitas vantagens e estimula o raciocínio”, o problema está “no excesso”. “Pode ter efeitos nefastos do ponto de vista do desenvolvimento neurológico e das alterações do sono. Sabemos, por exemplo, que o ecrã emite luz e informação ao cérebro que ainda é de dia, mesmo quando as crianças estão com os dispositivos à noite e ao jantar”, começa por explicar. Ivone Patrão defende que os pais não sabem nem conhecem os riscos para a saúde das crianças. Um estudo anterior do ISPA chegou à conclusão de que quase três quartos dos adolescentes e jovens entre os 14 e os 25 anos mostram sinais de grande dependência face à Internet.
Fonte: http://rr.sapo.pt/ Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa www.ispa.pt
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