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ACUSAÇÃO "POR CRIME COM CONTORNOS INÉDITOS" Académico de Harvard ganhou 820 mil euros mani

Ministério Público acusa canadiano, doutorado pela prestigiada universidade norte-americana, de ter manipulado títulos da dívida portuguesa através de artigos de opinião.

O Ministério Público pediu o julgamento de um arguido de nacionalidade canadiana, doutorado em economia pela universidade norte-americana de Harvard, que manipulou títulos da dívida portuguesa e obteve ganhos a rondar os 820 mil euros.

Segundo comunicado da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), divulgado esta quinta-feira, o arguido, residente em Londres, é acusado do crime de manipulação de mercado tendo por objecto a desvalorização das obrigações do tesouro portuguesas.

Sublinhando que se trata de uma acusação “por crime com contornos inéditos”, a PGDL adianta que, em Abril de 2010, o homem era administrador de uma sociedade que prestava serviços de consultoria de investimento e de gestão de carteiras sobre investimentos financeiros a uma outra sociedade gestora de fundos de investimento especulativo.

De acordo com a prova recolhida, o arguido tinha interesse na desvalorização da dívida portuguesa e na subida dos "yields" (margem de lucro), uma vez que só a respectiva desvalorização permitia recuperar a dívida com mais-valias e potenciar os seus ganhos, tendo, com esta finalidade, publicado, entre Fevereiro e Abril de 2010, vários artigos em blogues, sendo um deles associado a um jornal de referência mundial.

A PGDL acrescenta que “os artigos de opinião tiveram impacto nas 'yields' da dívida pública portuguesa, influenciaram os investidores, até porque o arguido era um académico prestigiado, doutorado em economia pela universidade de Harvard e os artigos foram publicados em contexto de grande instabilidade financeira, de receio de contágio com a dívida grega, estando os mercados em situação de elevada susceptibilidade”.

Segundo a PGDL, o arguido nunca mencionou nos artigos editados os seus interesses negociais, o que teria “reduzido a credibilidade da opinião divulgada”, tendo obtido, na negociação da dívida soberana portuguesa, ganhos de 819.099 euros através da desvalorização dos títulos de tesouro respectivos.

Desta forma, realça aquela estrutura do MP, o arguido “atentou contra as regras da livre concorrência e a confiança do mercado”.

"Trata-se de acusação por crime com contornos inéditos", diz a nota.

Fonte: http://rr.sapo.pt/


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