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"Blogger" saudita vence Prémio Sakharov 2015


O defensor dos direitos humanos Raif Badawi foi condenado a dez anos de prisão, mil chicotadas e uma multa pesada por alegadamente insultar os valores do islão. A mulher diz que o prémio é uma "mensagem de esperança e de coragem".

O "blogger" saudita Raif Badawi venceu esta quinta-feira o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído todos os anos pelo Parlamento Europeu.

O activista foi detido em 2012 e condenado a dez anos de prisão, mil chicotadas e uma multa por alegadamente insultar os valores do islão através do seu blogue "Free Saudi Liberals". Recebeu as primeiras 50 chicotadas em Janeiro de 2015, tendo as restantes sido adiadas devido a protestos internacionais.

A mulher de Raif Badawi afirmou que o prémio constitui uma "mensagem de esperança e de coragem". "Agradeço ao Parlamento Europeu. Estou muito satisfeita com o prémio", disse Ensaf Haidar à agência France Presse, em nome do marido.

Esta semana, Ensaf Haidar, que vive no Canadá com os três filhos do casal, anunciou que as autoridades sauditas tinham dado luz verde para o reinício da flagelação.

A cerimónia do prémio decorre durante a sessão plenária em Estrasburgo a 16 de Dezembro.

O "blogger" saudita foi inicialmente nomeado pelos grupos S&D, ECR e Verdes/ALE. Durante a apresentação formal dos nomeados no final de Setembro, o eurodeputado italiano do S&D Pier Antonio Panzeri afirmou: "Ao nomear Raif Badawi queremos honrar todos os que lutam pela liberdade de expressão neste mundo. Não consigo imaginar que nos dias de hoje, alguém aqui possa ser amarrado em público e chicoteado apenas por ser corajoso e expressar a sua própria opinião".

"Como 'blogger' num dos regimes mais repressivos do mundo, Badawi é um símbolo da luta pela liberdade de expressão, afirmou Tamás Meszerics, o eurodeputado húngaro dos Verdes/ALE na mesma reunião. “A Europa não pode continuar em silêncio enquanto indivíduos enfrentam a tortura ou morte apenas por expressarem as suas ideias na Arábia Saudita."

Os outros dois finalistas do Prémio Sakharov eram o político russo Boris Nemtsov e a oposição democrática na Venezuela.

O activista russo foi assassinado em Fevereiro de 2015, em Moscovo. Durante a presidência de Boris Ieltsin, Nemtsov foi vice-primeiro-ministro, mas quando Putin subiu ao poder tornou-se um importante político da oposição. Em 2003, deixou o parlamento russo e fundou uma série de partidos e organizações políticas.

Já a oposição democrática na Venezuela aos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro foi representada pela Mesa da Unidade Democrática, também denominada Mesa da Unidade, e que agrega os movimentos de oposição ao executivo, assim como pelos prisioneiros políticos.

No ano passado, o galardão foi entregue ao ginecologista congolês Denis Mukwege, especializado no tratamento de mulheres vítimas de violência em África.

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é atribuído todos os anos pelo Parlamento Europeu. Criado em 1988, recompensa personalidades ou entidades que se esforçam por defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

​Fontes:

http://rr.sapo.pt/

agencias


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