NUM VAL`PENA: “Digital dellirius”ou escravos dos “smartphones” e das redes sociais
Hoje toda a gente tem um “smartphone”. Toda a gente está conectada à rede social. Nisto fica a ideia (errada penso eu) de que se não está “weberizado” é matreco. Se não está ligado ao “facebook”, “instagram”, “twitter”, “badoo”, “watsapp” e quejandos, então você não é normal. Você não está no sistema global.
A febre dos “smartphones” e das redes sociais é impressionante. Ao longo do dia e das horas úteis, milhares de pessoas chafurdam pelo “facebook” recordando-se esporadicamente de trabalhar.“Facebook” umhambúrguersócio-cultural que consumimos e nos empanturramos até à exaustão. É assustador, pois fica a impressão de que não podemos viver sem um “smartphone” e, por conseguinte, sem espreitarmos as redes sociais. Estamos viciados e, sobretudo, acorrentados aos seus tentáculos. Ao almoço com a família, ao jantar, durante a condução, na privacidade de um banheiro, no drama de um velório, estamos todos conectados vertiginosamente em velocidade supersónica. Já não há mais aconchego familiar. Estamos constantemente a ser chamados a participar das redes sociais, aplicativos de troca de mensagens e outros afins, sempre com pressa para ler e responder ou então a participar de tudo ali na hora, pois tem de ser “instantâneo”.
Somos uma espécie de jornalistas ambulantes. Reportamos acidentes, activamos o poderoso “flash” e "fotamos" assaltos, deleitamo-nos com intrigas conjugais, filmamos raptos em modo "live" e fazemos um “send” instantâneo para os amigos e grupos de internautas, sem nos esquecermos de acrescentar no fim aquele risinho idiota….kkkkkk ou o grosseiro kakakakaka! Na verdade os “smartphones” e as redes sociais há muito que deixaram de ser aplicativos de trabalho colaborativo, ou para atingir a alta eficiência no trabalho corporativo, de modo a trazer mais-valias e influência no mundo moderno. Hoje, em países como o nosso, sem indicadores ou estratégias de filtragem do lixo da globalização, usamos a rapidez informativa das redes sociais para invadir as paredes da privacidade no sentido de desnudar e “pornografar” vidas alheias. Não a usamos para aumentar a nossa produtividade. O e-mail, que devia ser uma espécie de escritório itinerante, é um espaço de actualização de labirintosas fofocas. Atingimos uma espécie “digital dellirius”, uma doença degenerativa causada pela ansiedade digital, que nos faz acordar e logo a seguir pegamos no “smartphone” para actualizar as odisseias de quintais alheios. Nos nossos escritórios não estamos focados aos nossos “deadlines”. Andamos a teclar perversa e informalmente, às vezes com o colega ao lado e com uma pita ou um gajo que nem sabemos “bem bem” quem é! Ridículo, mas verdade. Somos um “download” da desestruturação colectiva, vítimas de engenhocas inteligentes que nos usam e nos tornam vulgares e desequilibrados. BlackBerrys, tablets, i-Phones, samsungs tornaram-se objectos “sine qua non”para as nossas vidas, mandam e comandam e depois desestruturam unidades familiares. Casamentos caem pela porta dos fundos como resultado de “watsapps” medidos pela ilusão da infidelidade e traduzidos por códigos de (in)segurança. Pessoas que antes eram equilibradas “txecam” furtivamente seus “smartphones” obsessivamente pela madrugada dentro, durante as refeições e mandam mensagens logo pela manhã e durante o dia. O exército de hiperconectivos aumenta todos os dias, armado do culto do global e da submissão. O que pode ser feito para deixar os “smartphones” em seu lugar? Como podemos colher os benefícios da conectividade das redes sociais sem nos tornarmos seus escravos? Uma solução é nos submetermos a uma rigorosa dieta digital. Mas, como qualquer outra dieta, é muito complicado seguir à risca. Kkkkkkkkk!
Shaloom!
LEONEL MAGAIA
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