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CONTOS - VERGÍLIO FERREIRA


Muitas vezes o conto em língua portuguesa é lido com um certo preconceito. O romance é tido como a ambição máxima do escritor. Para um romancista, o conto é visto como uma obra menor, ou seja, quase como um romance falhado. A prova desta idéia vem de Vergílio Ferreira na nota introdutória do seu livro “Contos”, na nota de a 14 de Junho de 1976: “Escrever contos foi-me sempre uma atividade marginal e eles relevam assim um pouco da desocupação e do ludismo. E se um conto (como uma cerâmica ou uma gravura), bem realizado, excede em importância um mal realizado romance (ou um quadro a óleo), será sempre um conto, ao que julgo, de uma dimensão menor que a de um romance.”

Voz: Estefânia Surreira Sonoplastia: Maria José Afonso

http://www.radiomontalegre.net/ youtuber:Maria José Afonso Devido a sua estrutura, os contos são histórias de ficção rápidas e de conteúdo de ações reduzidos, que para um escritor, muitas vezes, é utilizado como uma forma de ficção menos trabalhada. Não é verdade, porém, que o conto não deixa de ter a sua importância literária, grandes contistas superaram dentro da sua ficção o romancista. O próprio Vergílio Ferreira esclarece na mesma nota introdutória:

“Entendo por “dimensão” a estrutura básica de um gênero ou forma estética que envolva determinadas possibilidades artísticas e humanas. Se um conto de Eça de Queirós não é inferior em realização a um qualquer dos seus romances, é evidente que o é quanto à sua dimensão, ou seja, aos limites em que tem de desenvolver-se. O que nada tem que ver, obviamente, com a “extensão” de um e outros. Não pode, pois, a isto objetar-se que é preferível um bom conto a um mau romance - porque o é. Mas pode perguntar-se em que medida não ficaríamos diminuídos se um Eça de Queirós tivesse sido apenas contista. Decerto estas questões não se decidem por uma opção mas por uma vocação; e assim nos não perguntamos sobre o quanto nos diminuiu um Fialho de Almeida com o romance que não escreveu - porque o não pôde escrever. É sempre, todavia, legítimo especular sobre se tal romance, a ser escrito, atingiria a realização dos contos do mesmo autor.” É legítimo citarmos esta nota introdutória, uma vez que ao estudarmos o conto, devemos também analisá-los na perspectiva do autor, para percebermos até que ponto a sua importância literária condiz com a realização intelectual de quem o escreveu. Os contos de Vergílio Ferreira, apesar de serem vistos por ele como uma obra menor, não deixam de traduzir a essência do povo português nos últimos cinqüenta anos. Aqui analisaremos Contos (4ª edição - Bertrand Editora - 1991), uma coletânea editada pela primeira vez em 1976, que reuniu contos desde 1945 (“O Cerco”), até 1975 (“O Morto”), com inclusões posteriores na edição de 1991. São contos que têm entre si um espaço de quase cinqüenta anos. Uma visão dos costumes portugueses desde o fim da Segunda Guerra Mundial até ao fim do Salazarismo, com as dificuldades de adaptação do após 25 de Abril. Tempos distintos que refletem bem na análise das personagens - antes e depois da Revolução dos Cravos. Lirismo em Prosa Nos contos de Vergílio Ferreira vamos encontrar uma linguagem poética, a narrativa, verdadeira poesia em prosa, é de um lirismo contagioso, sobrepondo-se à ironia do autor. No conto “Mãe Genoveva”, a temática é a mesma de “A Maria Lionça” de Miguel Torga, chegamos ao fim do conto com a sensação que ambas as personagens são irmãs, mas de pais diferentes. No lirismo de Vergílio Ferreira vamos conhecendo a personagem:

“Todas as tardes ela vinha com o cesto de costura para o sol do corredor, se a tarde era de inverno, ou para a sombra da figueira, se era nos calores do verão. Ali estava agora, direita ainda, frente ao vento da tarde funda de Agosto, um vento largo e calmo de céu e de montanha. Mas tão grande era a certeza de sossego à sua volta, tão aberta de paz e de sinal, que a cabeça lhe tombou para o tronco da figueira e as mãos e os olhos se entregaram à unção de uma morte merecida. Quanto tempo? Abriu os olhos e sentiu-se verdadeira no seu corpo fatigado, como fora verdadeira toda a dor que conquistara.” As palavras desenvolvem-se como um poema em prosa. O lirismo faz do conto uma linguagem rica e densa. Dentro da dor da vida a dignidade e poesia do homem. Mãe Genoveva é a mulher lutadora, cuja vida rouba-lhe o filho. Assim, torna-se mãe de todos os outros órfãos da vida e da esperança: “E Genoveva, subitamente, sentiu-se iluminada, docemente ungida de um sinal de maternidade para todos os tempos da esperança e do amor. Suspenso sobre as cabeças, sobre a glória do canto dos seus filhos, um grande gesto de bênção unia-os como um ventre. Até que, à hora quente da lua-cheia, fechada de um silêncio final, segura de que tudo se cumprira em perfeição, Genoveva sentiu que a cabeça lhe tombava - e para sempre adormeceu.” É notável como a dor e a amargura são diluídas pela forma poética como é descrita. Apesar das armadilhas da vida, as esperanças da personagem são vistas nos gestos do dia, na ida e na volta do filho, na maneira infinita e sem medo que acolhe a morte. Há de encontrar dentro de todo lirismo uma certa visão quase irônica, quase desoladora, tão típica de Miguel Torga, Manuel da Fonseca, e muitos outros contemporâneos de Vergílio Ferreira. O povo português é descrito aqui como sobreviventes da prisão do tempo e da cultura. Ainda não existe a CEE, a guerra colonial destrói todo o construído, a única esperança é a emigração. Para o Brasil, para a França, para a Suíça.

Os Primeiros Tempos Após a Revolução dos Cravos

Já numa fase seguinte, “Contos”, continua através do após 25 de Abril. A ditadura terminou, a liberdade de expressão é vista com desconfiança, sem a amplitude atual. Também a guerra colonial chega ao fim. O grande problema viria quando mais de um milhão de portugueses retornariam das ex-colônias. Surge uma nova personagem, o retornado, aquele que perdeu tudo na guerra. A economia desequilibra-se. Os partidos de esquerda dantes clandestinos, agora gritam nas ruas os seus direitos. Acontecem os saques às casas e às mansões dos colaboradores do antigo regime. As manifestações nas ruas são vistas com euforia. Surgem as greves e as manifestações do proletário. A instabilidade dos governos dos anos setenta é um caos. O país tem liberdade de expressão, mas não sabe ao certo que caminho encontrar. Tantos anos voltados para a África, no momento uma única dúvida, estão mesmo na Europa? É nesta fase de transição que surgem as personagens de Vergílio Ferreira de “O Morto”: “Traziam muitas bandeiras e as bandeiras eram vermelhas, que é a cor do proletariado. E aos cantos das bandeiras havia estrelas amarelas, que também é. Como o barulho era muito, o choro era pouco. Às vezes, por cansaço ou deferência mortuária, gritava-se menos. E então o choro era mais. Nessa altura a família tinha um pouco razão de ir ali e o enterro parecia-se mais com um enterro. Também o céu tinha nuvens baixas e o enterro ficava ainda mais parecido. O padre também lá ia por vontade da família e para que tudo fosse como devia ser. Mas quando ele se dispunha a dizer o latim apropriado, rompeu pelo cemitério dentro um outro bando cheio de barbas, com muitas bandeiras vermelhas, que é a cor das classes desfavorecidas. E aos cantos das bandeiras havia estrelas amarelas. A aldeia era no cabo do mundo. Mas como tudo o que é essencial para a vida dos povos tem de chegar sempre até onde houver povo, as complicações sociais também lá chegaram.” Aqui o morto é reclamado por dirigentes comunistas. O conto hoje parece datado, observa-se a ironia com a qual retrata Vergílio Ferreira a época. Mais cáustico, menos lírico, é o retrato de uma sociedade em transição. A guerra fria dita as ideologias. O morto é disputado pelas antigas tradições religiosas e pelas novas convicções ideológicas. O debate não vai além da comédia. Os tempos também não. Nos anos setenta os escritores tinham que definir uma linha, ou era uma literatura de direita ou de esquerda. Que posição tomar? A que menos limitasse o autor e a sua obra. A criatividade dá passagem ao discurso político. Comparar o lirismo de “Mãe Genoveva” com a ironia de “O Morto”, é encontrarmos no escritor uma transição, mas que literariamente não mostra só um amadurecimento, mas a perda de um momento, quase como se o morto fosse o poeta, não o proletário. Mas encontramos pelo caminho de “Mãe Genoveva” e de “O Morto”, contos de transição que definem o autor e a obra, sem dualismos ideológicos, mas um contador de história. As Tradições e as Lutas de Classes

Em “O Encontro”, vamos ver aqui o homem e as armadilhas da sedução, o prazer e os costumes, mais uma vez a tragédia é consumada em nome da honra caprichosa. Nesse conto um engenheiro da cidade envolve-se com uma rapariga de uma aldeia. O engenheiro é visto pela população como a opressão do progresso, como o homem culto diante da natureza ignorante do homem analfabeto, do homem do campo, despido de intelecto, mas amplo de tradições e costumes. O homem da cidade que está farto do campo, da ignorância cega daquela gente, que não vê o momento de concluir a obra e partir, mas que mesmo menosprezando tal gente, o sentido do corpo e do sexo faz com que ele seduza uma rapariga. A tragédia vem quando os irmãos e o pai da rapariga vingam a honra caprichosa com o sangue, golpeando de morte o engenheiro: “O caminho era negro como a pedra daqueles palheiros; negro do estrume, da terra sempre úmida das águas correntes. Havia depois adiante uma breve clareira, e, a seguir, a casa dela, precisamente onde começava a rampa de areia branca do lado de cima dos eucaliptos. (...) (...) O suor escorria. Com os golpes da navalha o engenheiro sentiu a mão do velho socar-lhe as costas, e voltou-se. Impossível lutar. Num clarão, atirou-se furioso por uma aberta da ladeira e atrás dele soou logo o tropel dos três. Na vertigem da luta, uma sede de sangue apossara-se deles, um rancor sem memória despedaçava-lhes os nervos. Alucinado, o engenheiro corria, rampa abaixo. Mas em breve as forças lhe faltaram, e na volta do caminho tropeçou. Firmou-se porém, ainda num arranque de fúria, sobre as pernas massacradas e entorpecidas; mas uma pancada surda, com a potência de um coice; estoirou-lhe a cabeça, como um trovão. Como impelidos por uma mola que estala, os braços saltaram-lhe acima, de mãos abertas. Logo, porém, a meio quebraram, as pernas enroscaram-se-lhe devagar, e todo o corpo se lhe abateu desamparado.” Aqui, ao contrário de “A Paga”, de Miguel Torga (no conto de Torga, para vingar a honra perdida, os irmãos da rapariga castram o mal-feitor), o que está em causa não é só a honra ofendida, mas o ódio dos irmãos da rapariga pelo engenheiro, pois lhe eram subordinados na obra, e tratados com desprezo pelo mesmo. As lutas de classe são traduzidas pelos costumes, camufladas por eles, ou seja, o acerto de contas é com o homem culto da cidade, não com o homem que desonrou a família. Sente-se um Vergílio Ferreira com uma literatura pungente e com convicções sociais acentuadas. Podemos evidenciar em outro conto, de uma forma diferente, a mesma luta de classes. No conto “Gló”, a personagem central é Glória, que traz a alcunha de Gló. Glória é uma criança inteligente e carismática, oriunda de uma mulher pobre que para ganhar a vida, faz limpezas nas casas de pessoas ricas. A filha cai nas graças de uma família rica, que acaba por tirá-la da mãe, tornando-a parte casa. Mas, apesar de todo o apego da família pela bela criança, Glória cresce, e a realidade é outra, será sempre alguém que vive da caridade daquela família. Não é filha, também não é criada, torna-se apenas alguém estranho à família. Com a morte da anfitriã, Glória torna-se motivo de desejo do viúvo. Novamente a luta de classes de uma forma pungente, mas realista: “Os dias foram passando, até que uma tarde, alterada de cólera reprimida, Mina disse a Gló coisas desagradáveis e imprevistas. Quis saber porque não arranjava um rapaz e se não achava fastidiento casar com um velho viúvo. Mas esta pergunta, embora magoasse Gló até ao vexame, não deixava de surpreendê-la agradavelmente. Ah, tinha ali afinal a desforra da miséria velha, a desforra da sua gente, a vingançazinha própria sobre Mina e toda a sua fidalguia. No entanto, já não seria agora possível deixar de sentir-se embaraçada quando o sr. Costa a fitasse demoradamente ou lhe enterrasse devagar os dedos no cabelo.” Um Contista Sem Limitações

As personagens dos contos de Vergílio Ferreira são de uma psicologia soberba. Não ficariamdiminuídas diante de outras personagens do mundo do romance. Os contos de Vergílio Ferreira são dos melhores que há em literatura portuguesa. De uma expressividade poética, política e social, onde podemos ler sempre várias vertentes dentro da mesma personagem. As personagens são ricas, pouco transparentes e de um desembocar que só é resumido pela própria estrutura do conto, pelas limitações do mesmo, onde o início já quase prevê o fim. Para terminarmos esta análise, voltemos às palavras do autor na sua nota introdutória: “Resta que para os meus contos se decida de uma vez não atingirem eles, face aos romances que escrevi, não apenas a dimensão mas o nível. Ser-me-á perdoável que eu duvide um pouco? Perspectivas de um outro ângulo, pondo em causas outras opções, jogando com outros valores, não vejo que algumas narrativas desta coletânea não me tenham mobilizado a capacidade que me coube e, ainda que marginais, não sejam do todo que me pertence.” E para que percebermos o princípio da exteriorização das palavras do autor, onde esta exteriorização anula-se verdadeiramente na forma como o sujeito da narração centra-se de forma insistente e sistemática sobre o seu universo interior. Vejamos o final do primeiro conto “Adeus”, onde mergulhamos no universo lírico e poético do mesmo, com a plena certeza de que não fomos lesados ao optarmos por ler os seus contos: “Caminhei pela vereda branca, lavado numa pureza desconhecida, anterior à minha humanidade, e onde, no entanto, eu me sentia todo inteiro. Quando cheguei ao topo da colina, olhei ainda atrás a ausência de Marta. Mas lentamente, surpreso e todavia calmo, fui descobrindo Marta em pessoa, em pé, no meio do caminho, vestida de lua, esperando decerto como eu que toda a serra e toda a aldeia e tudo o que nos fora prometido ficasse enfim tão diferente como quando ainda não tínhamos nascido.” Pelo contrário, saímos das páginas dos contos com a certeza que redescobrimos um escritor. Nunca esquecemos o romancista, mas também o contista é um mestre na arte de contar histórias. No seu existencialismo exacerba a solidão do homem, nu diante das evidências da vida, nu diante do seu lugar em um universo sem estrelas. Aqui temos uma inclinação para descobrirmos a subtileza da alma portuguesa. Uma alma latina, saudosista, plena de surpresas. Vergílio Ferreira

Vergílio Antonio Ferreira nasceu em Melo, Gouveia, em 28 de janeiro de 1916. Tornar-se-ia um dos maiores escritores portugueses do século XX. Sua obra literária foi construída por romances e contos, dividindo-se em dois períodos: o neo-realismo e o existencialismo. O existencialismo de Vergílio Ferreira reflete um questionamento de homem em todas as suas tragédias, em todas as suas escolhas e procuras, muitas vezes sem o rumo que se espera, mas na perfeita tradução da eterna solidão humana, condição absoluta para o crescimento psicológico dentro de um mundo muitas vezes lúdico a contrastar com os costumes e a crueza da vida. Com os pais migrados nos EUA, Vergílio Ferreira mergulha na solidão existencialista que acompanharia a sua obra. Esta solidão é construída quando passa seis anos em um seminário. Ainda no liceu, dedica-se à poesia, que nunca seria publicada. Segue mais tarde para Coimbra, onde cursa a Faculdade de Letras. Em 1943 escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe. Iniciava-se assim, uma grande carreira literária, galardoada pelo Prêmio Camões em 1992. Vergílio Ferreira morreu em Lisboa, no dia 1 de março de 1996, sendo enterrado em Melo.

Ficção: 1943 - O Caminho fica Longe 1944 - Onde Tudo foi Morrendo 1946 - Vagão "J" 1949 - Mudança 1953 - A Face Sangrenta 1953 - Manhã Submersa 1959 - Aparição 1960 - Cântico Final 1962 - Estrela Polar 1963 - Apelo da Noite 1965 - Alegria Breve 1971 - Nítido Nulo 1972 - Apenas Homens 1974 - Rápida, a Sombra 1976 - Contos 1979 - Signo Sinal 1983 - Para Sempre 1986 - Uma Esplanada Sobre o Mar 1987 - Até ao Fim 1990 - Em Nome da Terra 1993 - Na Tua Face 1996 - Cartas a Sandra

Ensaios: 1943 - Sobre o Humorismo de Eça de Queirós 1957 - Do Mundo Original 1958 - Carta ao Futuro 1963 - Da Fenomenologia a Sartre 1963 - Interrogação ao Destino, Malraux 1965 - Espaço do Invisível I 1969 - Invocação ao Meu Corpo 1976 - Espaço do invisível II 1977 - Espaço do invisível III 1981 - Um Escritor Apresenta-se 1987 - Espaço do invisível IV 1988 - Arte Tempo Diários: 1980 - Conta-Corrente I 1981 - Conta-Corrente II 1983 - Conta-Corrente III 1986 - Conta-Corrente IV 1987 - Conta-Corrente V 1992 - Pensar 1993 - Conta-Corrente-nova série I 1993 - Conta-Corrente-nova série II 1994 - Conta-Corrente-nova série III 1994 - Conta-Corrente-nova série IV

CRONOLOGIA:

1916 – No dia 28 de Janeiro, sexta-feira, Vergílio Ferreira nasce em Melo, concelho de Gouveia, filho de António Augusto Ferreira e Josefa Ferreira. 1920 – Os pais de Vergílio Ferreira emigram para os Estados Unidos, deixando-o, com seus irmãos, ao cuidado de suas tias maternas. Esta dolorosa separação é descrita em Nítido Nulo. 1926 – Após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão, que freqüentará durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa. 1932 – Deixa o seminário e acaba o curso liceal no Liceu da Guarda. Começa a dedicar-se à poesia. 1936 – Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Continua a dedicar-se a poesia, nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta- Corrente. 1939 - Escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe, 1940 – Conclui a sua licenciatura em Filologia Clássica. 1942 – Concluí o estágio no Liceu D. João III, em Coimbra. Começa a lecionar em Faro. Publica o ensaio “Teria Camões Lido Platão?”. Escreve “Onde Tudo Foi Morrendo”. 1944 – Leciona no Liceu de Bragança. Publica “Onde Tudo Foi Morrendo”. Escreve Vagão “J”. 1945 – Ingressa no Liceu de Évora, cidade que marcará vários dos seus romances, entre os quais “Aparição”. 1946 – Casa-se com Regina Kasprzykowsky. Publica Vagão “J”. 1947 – Viaja pela Espanha. 1948 – Publica Mudança, que marca a sua passagem do neo-realismo para o existencialismo. 1953 – Publica a coletânea de contos A Face Sangrenta. 1954 – Viaja pela França, Bélgica e Holanda. Publica Manhã Submersa. 1956 – Escreve Cântico Final. 1957 – Publica a coletânea de ensaios “Do Mundo Original”. 1958 – Publica um novo ensaio, Carta ao Futuro. 1959 – Ingressa no Liceu Camões, em Lisboa. Publica Aparição. 1960 – Recebe o Prêmio Camilo Castelo Branco, por Aparição, da Sociedade Portuguesa de Escritores. 1962 – Publica Estrela Polar e o ensaio “Da Fenomenologia a Sartre”, que constitui o prefácio da tradução de “O Existencialismo é um Humanismo”. 1963 – Publica o romance Apelo da Noite e o ensaio “André Malraux (Interrogação ao Destino)”. 1965 – Publica Alegria Breve e a coletânea de ensaios Espaço Invisível I. É galardoado com oPrêmio Casa da Imprensa. 1967 – Viaja pela Itália. 1971 - Publica Nítido Nulo e viaja pela Grécia. 1976 – Publica um volume de Contos. 1978 – Antonio Macedo faz um filme do conto Encontro. 1979 – Lauro Antonio realiza o longa-metragem Manhã Submersa, Vergílio Ferreira desempenha o papel de Reitor.

1983 – Viaja pela Grécia, Egito e Brasil, em comitivas presidenciais. Publica Para Sempre e Conta-Corrente III. Recebe os Prêmios do Pen Club, Associação Internacional de Críticos Literários, do município de Lisboa e oPrêmio D. Dinis da Casa de Mateus. Lauro Antonio realiza Mãe Genoveva. 1984 – É eleito para a Academia Brasileira de Letras. 1988 – Recebe o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, pelo romanceAté ao Fim. 1990 – Recebe o Prêmio Femina porMartin Perdu, tradução francesa de Manhã Submersa. 1991 – Recebe em Bruxelas o Prêmio Europália pelo conjunto de sua obra literária. 1992 – É eleito para a Academia das Ciências de Lisboa. É galardoado com o Prêmio Camões. 1993 – Recebe o doutoramento Honoris Causa, na Universidade de Coimbra. 1996 – Morre em Lisboa, a 1 de março. É sepultado “virado para a serra” como sempre desejou, em Melo. É publicado o romance que deixou incompleto, Cartas a Sandra.

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6 de agosto de 2008 06:56

JEOCAZ LEE-MEDDI

Escritor, nascido em Goiás, Brasil, criado em Santos e na Bahia. Viveu anos em Lisboa e Roma. Convive intensamente com o seu tempo. Militante da política, cultura e de gente. Como escritor teve o romance "Fatal - A Hora Azul" premiado pela Fundação Jaime Câmara. Um homem tranquilo com a vida, insatisfeito com as convenções, que procura sempre conhecer gente, matéria-prima de um escritor. Apaixonado pela vida. Urbano incorrigível. Fascinado pelo mar e pela lua. Escreve sobre o seu tempo e sobre o passado histórico, dois contrastes que se traduzem na sua literatura.

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