Pop Art
Merda d'artista, Piero Manzoni.
Rubens Gershman
A POP ART
É discutível qual foi a mais extraordinária inovação da arte do século XX, se o cubismo ou a pop art. Ambos surgiram de uma rebelião contra algum estilo já convencional: os cubistas achavam que os pós-impressionistas eram comportados e limitados demais, e os adeptos da pop art, que os expressionistas abstratos eram pretensiosos e veementes demais. A pop art trouxe de volta às realidades materiais do dia-a-dia, à cultura popular, na qual as pessoas comuns extraíam da TV, das revistas ou das histórias em quadrinhos a maior parte de sua satisfação visual.
A pop art surgiu na Inglaterra de meados dos anos 50, mas realizou todo o seu potencial na Nova York dos anos 60, quando dividiu com o minimalismo as atenções do mundo artístico. Nela, o épico foi substituído pelo cotidiano, e o que se produzia em massa recebeu a mesma importância do que era único e irreproduzível; a distinção entre “arte elevada” e “arte vulgar” foi assim desaparecendo. A mídia e a publicidade eram os temas favoritos da pop art, que muitas vezes celebrava espirituosamente a sociedade de consumo. Talvez o maior nome dessa estética tenha sido o americano Andy Warhol (Andrew Warhola, c. 1928 – 1987), cujas inovações exerceram influência sobre a arte posterior.
No dia 28 de novembro o Museu de Arte de NY, o MOMA, inaugura uma nova ala. O papel de parede "Cow" de Andy Warhol é o símbolo do novo espaço.
As Estampas de Warhol
No passado, as opiniões sobre Warhol variaram enormemente. Alguns o consideravam gênio, e outros o acusavam de ser um embusteiro fora do comum. Tendo começado como publicitário, mesclou fotos comerciais em sua obra, de início serigrafando-as ele mesmo e depois transferindo o processo para os funcionários de seu ateliê, conhecido como the Factory (“a Fábrica”): Warhol concebia um projeto, e os assistentes o executavam. No Marilyn diptych (Díptico Marilyn), a imagem foi propositalmente serigrafada sem nenhuma perícia ou exatidão, e a impressão colorida mostra-se, no melhor dos casos, imprecisa.
Ainda assim o Marilyn diptych é obra que atrai e impressiona, originando-se de algo bem no fundo da psique de Warhol. Ele era fã ardoroso das celebridades e entendia o caráter transitório da fama; estava, porém, mais interessado na idéia da devoção do público americano à celebridade como um símbolo cultural da época. Entregando-se à maquina da publicidade, Marilyn foi destruída como pessoa, e o estilo absolutamente neutro e documental de Warhol reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. No díptico, um mar de rostos – todos parecidos e, ainda assim, sutilmente diferenciados – encara-nos com uma máscara icônica. É uma obra inesquecível.
Kiss V - Roy Lichtenstein
Roy Lichtenstein
Ironicamente, a primeira incursão de Andy Warhol na pop art baseava-se em imagens tomadas a histórias em quadrinhos, mas o marchand ao qual mostrou esse trabalho não se interessou, pois já fora conquistado pela arte do também americano Roy Lichtenstein (1913- ), outro dos grandes nomes do movimento.
Há, claro, um elemento de nostalgia em obras como a de Roy Lichtenstein: o mundo dos gibis, mundo da infância e da primeira adolescência, com todo o seu lado inocente e esperançoso. Roy Lichtenstein viu as dimensões icônicas dessas imagens e recriou-as na escala ampla que os expressionistas abstratos preferiam. Sua Whaam não é transcrição de uma história em quadrinhos, e sim uma imagem que ele reduziu ao essencial, a seu vigor aerodinâmico. Whaam diz respeito à violência e a como podemos ficar longe dela. É um díptico narrativo: de um lado, as forças do bem, o anjo vingador no avião; de outro, as forças do mal, o inimigo destruído no clarão estilizado que representa o poder punitivo. O pintor usa formas e cores simples e copia a retícula dos materiais impressos para, assim, levar-nos de volta ao mundo simplificado do preto-e-branco moral e à nostálgica ingenuidade da infância.
Jasper Johns Dancers on plan
Merce Cunningham é a homenagem do americano Jasper Johns (1930 - ) ao trabalho de Merce Cunningham, o coreógrafo de vanguarda. Dancers on a plane (Bailarinos num plano) é uma pintura extremamente bela e, em termos conceituais, extremamente complexa. O talento supremo de Johns está em criar visualmente um conceito bastante difícil: o artista encanta o olhar de tal modo que nos leva a explorar esse conceito. Dancers on a plane exibe as complexidades da satisfação religiosa (o modo pelo qual o lado terreno da vida, o esquerdo, será divinamente transformado após a morte, o lado direito) e dos relacionamentos sexuais; mostra também o caráter quadridimensional do movimento de dança exibido num “plano único”, a tela em que os passos combinam-se como parceiros.
É um quadro gratificante, que recompensa o tempo dedicado a sua contemplação. Proporciona prazer mesmo quando lhe damos apenas uma olhadela, pois Johns satisfaz em todos os níveis.
Robert Rauschenberg
A influência do dadá e do surrealismo conduziu o americano Rauschenberg (1925 - ) a uma forma de arte inteiramente nova, na qual ele usa objetos prosaicos em justaposições incomuns. Essas pinturas, chamadas combines (“Combinações”), são a especialidade de Rauschenberg. Canyon é um exemplo. O artista fez uma desconcertante mistura de imagens e técnicas: pintura a óleo combinada a fotos serigrafadas, a textos de jornal e a simples garatujas pitorescas. Mas, abaixo dessa algazarra vital e intensa, uma ave morta paira com as lúgubres asas abertas. Há uma vertiginosa sensação de planar nos ares, de levantar vôo para o canyon do desconhecido. Percebemos que o desfiladeiro localiza-se menos na pintura que abaixo dela: em vez de estar lá dentro, enquadrado onde não representa perigo, encontra-se em nosso próprio espaço pessoal. A saliência onde a ave se empoleira projeta-se em diagonal para o mundo do observador; dessa saliência, pende molemente uma almofada, disposta em duas bolsas que parecem estranhamente eróticas e patéticas. Todos os elementos da obra, bidimensionais ou tridimensionais, combinam-se numa impressão de clausura, como se de fato estivéssemos acuados entre as altas paredes nuas de um canyon rochoso.
Em Rauschenberg, há uma sandice inspirada que nem sempre tem o resultado esperado pelo artista; mas, quando ele consegue o efeito desejado, suas imagens são inesquecíveis.
David Hockney
Estritamente falando, é fato que o movimento pop tenha começado na Inglaterra, com Richard Hamilton (1922 - ) e David Hockney (1937 - ). As primeiras obras de Hockney fazia esplêndido uso de imagens ao estilo daquelas revistas populares nas quais se baseia muita pop art. Mas nos anos 60, quando Hockney se mudou para a Califórnia, ele reagiu com enorme profundidade artística ao mar, ao sol, aos rapazes e ao luxo, tanto que sua arte assumiu uma dimensão inteiramente nova, cada vez mais naturalista. Embora se possa considerar A bigger splash (Um agito maior) uma visão do mundo mais simplista do que simplificada, ele ainda assim produz encantadora interação entre as impassíveis verticais rosadas de um canário em Los Angeles e a exuberância do borrifo de água quando o nadador oculto mergulha na piscina.
Aqui não há nenhuma presença humana visível, apenas a cadeira solitária e vazia e um mundo árido e quase paralisado. No entanto, a grande espadana branca só pode ter sido produzida por um ser humano, e muito da psique de Hockney está envolvido na mistura de lucidez e confusão que vemos nessa pintura.
Depression Bread
Yves Klein, Antropometria* *técnica de mensuração do corpo humano ou de suas partes.
Tom Wesselmann. Bathtub 3. 1963
Pop-Art no Brasil
Também no Brasil a Pop-Art teve forte expressão, destacando-se artistas como Rubens Gershman, Claudio Tozzi, Marcelo Nitsche, Ivaldo Granato entre outros.
Claudio Tozzi
Arman
César (César Baldaccini), «Télévision», 1962
Mario Schifano, Coca-Cola
MARIO CEROLI Il telefono, 1964 (frente) Escultura em madeira de pinho dupla fase. 150 cm (diâmetro) Pertence a uma coleção privada.
Obra de Jean Tinguely (1925-1991).
Referências: http://talkabilitybullet.com/2006/11/22/andy-warhol http://en.easyart.com/art-prints/Roy-Lichtenstein/Kiss-V-133905.html http://www.portalartes.com.br/portal/historia_arte_pop_art.asp http://casacultura.blogger.com.br/
http://www.portaldarte.com.br/